História da MTC

A história da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) remonta a milhares de anos e é profundamente enraizada na antiga civilização chinesa, desenvolvendo-se ao longo de séculos através de observação, experimentação e prática. Embora seja difícil traçar a sua origem exata, acredita-se que os princípios fundamentais da MTC tenham sido estabelecidos há mais de 5.000 anos.

A MTC tem as suas raízes na antiga filosofia chinesa, especialmente no Taoísmo e no Confucionismo. Os chineses antigos observavam os padrões da natureza e percebiam que tudo estava interconectado e regido por forças opostas complementares, conhecidas como Yin e Yang. Acreditava-se que a saúde era resultado do equilíbrio entre essas forças, e a doença era causada por desequilíbrios ou bloqueios no fluxo de Qi, a energia vital.

Durante o período da Dinastia Shang (1600-1046 a.C.) e da Dinastia Zhou (1046-256 a.C.), textos antigos começaram a descrever práticas médicas, como o uso de ervas medicinais.

O "Huang Di Nei Jing" (O Clássico Interno do Imperador Amarelo), escrito por volta do século III a.C., é considerado um dos textos fundamentais da MTC, onde foram estabelecidos os fundamentos teóricos da MTC. Inclui uma grande quantidade de materiais para aplicação prática da MTC, bem como uma síntese de conhecimentos de astronomia, geografia, biologia e meteorologia, à luz das teorias do Yin/Yang e dos 5 Elementos. Também aborda a fisiologia e patologia do corpo humano, bem como o diagnóstico, tratamento e prevenção da doença, estabelecendo uma fundação sólida para o desenvolvimento teórico e clínico da MTC.

Nos últimos anos da dinastia Han do Este, o médico Zhang Zhong Jing escreveu o Shanghan Zabing Lun (Tratado das doenças febris exógenas), assente nos conhecimentos teóricos do Huangdi Neijing e de Nanjing (outro clássico médico, posterior ao Huangdi Neijing que expandiu os conteúdos deste último). Este livro contribuiu significativamente para a formação e desenvolvimento da diferenciação de síndromes e dos tratamentos clínicos. Zhang Zhongjing desenvolveu a teoria de diferenciação dos Seis Meridianos e dos Zang-Fu o que serviu para efectivar a diferenciação de síndromes. Neste livro encontram-se métodos terapêuticos e prescrições eficazes para o diagnóstico e tratamento de doenças endógenas e exógenas, ainda hoje utilizados.

Desenvolvimento de Práticas Terapêuticas

A acupuntura, uma das práticas mais reconhecidas da MTC, teve o seu desenvolvimento ao longo de milénios. As primeiras agulhas de acupuntura eram feitas de pedra ou osso, e a prática evoluiu para o uso de agulhas de metal. O "Zhen Jiu Jia Yi Jing" (Clássico de Acupuntura e Moxabustão), escrito durante a Dinastia Han (206 a.C. - 220 d.C.), foi uma das primeiras obras a sistematizar os princípios e técnicas da acupuntura.

As origens da fitoterapia chinesa remontam a tempos ancestrais, quando os antigos chineses começaram a observar as propriedades medicinais das plantas ao seu redor.

Os primeiros registros escritos sobre o uso de plantas medicinais datam de mais de 2.000 anos, incluindo documentos como o "Shennong Ben Cao Jing" (Clássico da Agricultura do Divino Agricultor), atribuído ao Imperador Shennong, que descreve centenas de ervas e seus efeitos medicinais.

Durante as dinastias Tang e Song, foram publicados importantes textos médicos, como o "Ben Cao Gang Mu" (Compendium de Matéria Médica), compilados por Li Shizhen durante a Dinastia Ming, que é uma das obras mais abrangentes sobre fitoterapia chinesa até hoje.

Os primeiros registros de Qi Gong, prática de exercícios e meditação, datam de milhares de anos e têm as suas raízes na antiga China, a prática tem sido transmitida de geração em geração por mestres e praticantes.

Tui Na é uma forma de massagem terapêutica que tem sido praticada na China há mais de 2.000 anos. Os primeiros registros escritos sobre Tui Na datam da Dinastia Zhou, por volta de 600 a.C.

Consolidação e Expansão

Durante as dinastias subsequentes, como a Dinastia Tang (618-907 d.C.) e a Dinastia Song (960-1279 d.C.), a MTC continuou a desenvolver-se e expandir. Novos textos foram escritos, escolas de medicina foram estabelecidas e novas técnicas foram desenvolvidas. A fitoterapia chinesa também se tornou mais sofisticada, com a compilação de herbários e a identificação de milhares de plantas medicinais.

MTC na Era Moderna

No século XX, com o estabelecimento da República Popular da China, a medicina tradicional chinesa passou por um período de reforma e modernização. Escolas de medicina foram fundadas, e a MTC foi integrada ao sistema de saúde oficial.

Hoje, a Medicina Tradicional Chinesa continua a evoluir, combinando sabedoria ancestral com avanços científicos modernos. Seus princípios holísticos e abordagem integrativa para a saúde continuam a atrair interesse em todo o mundo. A acupuntura e outras práticas da MTC ganharam reconhecimento global, sendo amplamente utilizadas como complemento ou alternativa à medicina convencional em muitos países ao redor do mundo.